Como defender nossos direitos, se somos os vilões do orçamento?

Em meio à campanha por tratamento igualitário e de valorização dos servidores, somos confrontados por aquilo que lutamos: nossos salários.

Basta uma manifestaçãozinha num outdoor para que a mídia inicie seu massacre aos direitos dos servidores com informações incompletas, deturpação de salários avultados por situações extraordinárias  que nem chegam perto das somas da maioria das remunerações dos servidores.

Indiscutivelmente, uma pequena parcela de trabalhadores do Judiciário, que ingressaram antes de 1994, possuem salários consideráveis se comparados a outros servidores estaduais. No entanto, a mídia não informa que o Estatuto dos Servidores Públicos Estaduais (LC 46/94) concedia percentuais elevados nas gratificações de assiduidade e ATS, o que foi radicalmente alterado a partir dos anos seguintes. Também foi omitido que a grande maioria dos servidores da referida relação, estaria ali incluída em virtude de ter recebido o 13.º salário que é pago no mês de aniversário, férias ou os dois juntos; outros que receberam alguns direitos atrasados.

Atacam o baixo escalão. Entretanto apenas um dos 344 magistrados capixabas recebe dentro do teto remuneratório, enquanto 117 servidores do Judiciário capixaba receberam, no mês de julho, menos que o auxílio-moradia.

Na conta dos servidores, a lista é grande: a desordem das contas do governo, déficit da previdência, estouro dos limites fiscais, entre outros. Mas se esquecem de dizer das dificuldades vivenciadas quanto à falta de estrutura e à de pessoal, das más condições de trabalho e da desigualdade na partilha do bolo orçamentário.

A crise econômica aprofundou a diferença salarial entre servidores e trabalhadores privados, mas a culpa é de um sistema que só privilegia o grande empresariado em detrimento dos direitos trabalhistas e não do servidor que vê seus salários sendo achatados e direitos postergados.

Para quem tem o cofre público e o orçamento nas mãos é fácil usar a mídia para manipular dados, enganar e inflar a população contra os servidores. Mas é preciso dizer: “NÃO SOMOS OS VILÕES DO ORÇAMENTO”, NÃO BUSCAMOS REGALIAS, PRIVILÉGIOS OU PENDURICALHOS. Lutamos por nossos direitos, por um serviço público de qualidade e contra essa política minimalista do Estado.

Não aceitamos o encargo de cortina de fumaça dos reais problemas do sistema judiciário. Lutamos por dignidade, contra o fim da manipulação da mídia que deseduca a sociedade e por melhores condições de trabalho e salariais para todos.

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