O sindicato, ao chegar na comarca de Nova Venécia, encontrou os servidores extremamente apreensivos, com muitas dúvidas sobre o que vai acontecer a partir do momento em que de fato for implementada a secretaria inteligente da comarca de Boa Esperança dentro de Nova Venécia. Além do acúmulo de serviço que isso trará para a comarca, não há servidores suficientes na comarca de Boa Esperança para colaborar com os servidores de Nova Venécia.
Assim, o problema que enfrentamos aqui na comarca de Nova Venécia é semelhante ao que já existe em todo o estado: a falta de pessoal. Atualmente, faltam sete servidores em Nova Venécia e três em Boa Esperança. A lógica seria ter servidores suficientes em ambos os locais para que fosse possível uma reestruturação e unificação das secretarias da forma correta.
Os relatos dos servidores são preocupantes. Eles não receberam treinamento para lidar com as matérias distintas que há muito tempo não trabalham. Por exemplo, quem atua em vara de família terá que trabalhar também nas varas cíveis, orfaos e sucessões, infância e juventude , criminais e juizados. Isso exige tempo para aprendizado, mas o Tribunal de Justiça não ofereceu nenhum treinamento para essa adaptação. Os servidores precisam aprender rapidamente, pois a cobrança por metas é grande. Além disso, o sistema PJE não funciona bem e o balcão virtual com muitas falhas; há muitas inconsistências e falta de informações.
Na comarca de Nova Venécia, essa situação ficou evidente durante nossa reunião com os servidores, onde coletamos relatos e dados para encaminhar ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ). É importante demonstrar que todas essas mudanças estão sendo feitas apenas por resoluções, sem orientações claras aos servidores sobre como proceder ou executar as tarefas. Não há acesso a projetos ou estrutura adequada; algumas salas são precárias e precisam ser adaptadas para receber a comarca de Boa Esperança.
Quanto à comarca de Boa Esperança, há grande apreensão tanto dos servidores quanto da população. A população terá que se deslocar até Nova Venécia, uma comarca distante e atendida apenas por ônibus de linha comum, não há transporte coletivo. O população tem que se deslocar 28km para serem atendidos . Além disso, o sistema digital entre as comarcas não funciona adequadamente devido à má qualidade da internet nos fóruns. O Tribunal ainda não implementou um programa eficaz para corrigir essas falhas no PJE (Processo Judicial Eletrônico) e no balcão virtual.
Portanto, até que esses problemas sejam resolvidos pelo Tribunal de Justiça, a população de Boa Esperança estará desassistida. Em Nova Venécia, os servidores também estão inseguros sobre como proceder diante das falhas no sistema, problema que já persiste há anos e vem sendo denunciado pelo sindicato .
Em relação aos estagiários, Nova Venécia cumpre a lei referente à cota prevista para estagiários e possui o número correto deles. Contudo, em alguns cartórios ainda há uso inadequado dos estagiários em atribuições destinadas a analistas. O sindicato orientou os servidores a corrigirem essa prática.
Durante nossa vistoria, conversamos também com a assessora do juiz da comarca. Embora o juiz estivesse realizando audiências naquele momento e não pudesse parar devido à quantidade delas em um único dia, ele se mostrou aberto ao diálogo. O objetivo é que servidores, juízes e sindicato trabalhem juntos para analisar todos os dados coletados e garantir e buscar alternativas para o cumprimento das resoluções nas comarcas de Boa Esperança e Nova Venécia até que sejam revistas pelo TJES e CNJ.
Quanto aos oficiais de justiça, fomos informados de que o juiz diretor do fórum determinou que os dois oficiais atuarão na comarca de Boa Esperança por um período de 90 dias, com o objetivo de reduzir o volume de mandados pendentes, retornando posteriormente à comarca de Nova Venécia. No entanto, o sindicato entende que essa medida não é adequada, pois os oficiais de Nova Venécia não deveriam ser deslocados para Boa Esperança. Nesta última comarca, a lei determina que haja dois oficiais próprios para atuarem localmente, e não que sejam retirados os oficiais de Nova Venécia, que já conta com um número reduzido para suprir, essa demanda em Boa Esperança.
O prejuízo à população já existe devido à falta de sistema funcional e insuficiência de servidores, falta de juízes, problemas denunciados pelo sindicato há muito tempo. No entanto, o juiz recebeu muito bem o sindicato e se colocou à disposição para atender às demandas dos servidores.